Doença de Lyme
- Dr. Luiz Eduardo de paula
- 14 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de jan. de 2020
Conheça a doença de Justin Bieber e Avril Lavigne. Transmitida pela picada do carrapato, pode causar artrite, problemas neurológicos e cardíacos

Segundo informações do site TMZ, o cantor Justin Bieber foi diagnosticado com a doença de Lyme em 2019. O documentário sobre o artista, que será lançado no final de janeiro, deve explorar a batalha do canadense contra a chamada “doença do carrapato”.
Bieber não é o primeiro famoso a ser infectado pela bactéria Borrelia burgdorferi, transmitida pelo carrapato. A cantora Avril Lavigne também foi contaminada e passou vários anos em casa tentando se recuperar. A artista lançou inclusive uma música para contar essa história, o single Head Above Water fala sobre a luta contra a doença, em 2018.
O que é?
A doença de Lyme é uma infecção bacteriana sistêmica causada pela espiroqueta Borrelia burgdorferi e transmitida por carrapatos. Pode acometer o homem, animais silvestres e domésticos. Foi descrita pela primeira vez na cidade de Lyme (Connecticut EUA) em 1975. Esta doença é endêmica em áreas de animais silvestres, carrapatos e florestas. As pessoas que trabalham em áreas de madeira, construção e parques tem mais chances de adquiri-la.
Quais são os sintomas?
As manifestações clínicas podem ser divididas em três estágios. A principal e primeira manifestação é o eritema migratório, que aparece no local da picada. A lesão se inicia, em média, 3 a 30 dias após a picada. Até 40% dos pacientes infectados não apresentam esta lesão típica. No estágio 1 a lesão de pele vem acompanhada de sintomas semelhantes ao de uma gripe, como dor de cabeça, febre, dores musculares, cansaço e dores nas juntas. A lesão de pele nesta fase é mais localizada no local da picada. No Estágio 2 (fase disseminada), os sintomas podem ocorrer semanas ou meses após manifestação inicial. Nesta fase pode apresentar sintomas neurológicos como, neuropatias, paralisia facial, radiculopatia, meningite, cefaleia e mudanças do comportamento. O coração pode ser afetado com miocardite, arritmias, anginas e bloqueios cardíacos. Os pacientes podem desenvolver artrite e dor crônica. Os olhos podem ser afetados também com sintomas de alterações visuais, cegueira, lesões de retina, atrofia ótica, conjuntivite, uveíte, ceratite entre outras manifestações menos comuns. O estágio 3 acontece meses ou anos após a infecção e, frequentemente é caracterizado por artrite crônica, acrodermatite e encefalomielite.
Como confirmar o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por meio da associações dos sintomas clínicos, dados epidemiológicos (áreas de maior endemicidade) e testes laboratoriais. Os exames laboratoriais mais utilizados são ELISA, Western Blot e pesquisa de Anticorpos por Imunofluorescência Indireta.
Qual o tratamento?
1- Antibiótico: O tratamento de primeira escolha é o uso de antibiótico para combate da bactéria, sendo tomado via oral, porém, em casos mais graves, é preciso ficar internado para que o medicamento seja administrado diretamente na veia, evitando complicações.
2- Sessões de fisioterapia: Em situações graves, a doença de Lyme pode causar artrite, principalmente no joelho, com dor e inchaço nas articulações. Nesses casos, a pessoa pode precisar de fisioterapia para recuperar a mobilidade e conseguir realizar as atividades do dia a dia sem dor.
3- Anti-inflamatórios e corticosteroides: Em algumas situações, o médico pode recomendar o uso de anti-inflamatórios ou glicocorticoides para diminuir a inflamação das articulações.
Existe esta doença no Brasil?
Os primeiros casos semelhantes à Doença de Lyme (DL) no Brasil foram descobertos, em 1992, em irmãos que após serem picados por carrapatos desenvolveram eritema migratório, sintomas gripais e artrite. A casuística brasileira, mostrou que os aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais no país, são bastante diferentes dos exibidos pelos pacientes com DL nos Estados Unidos da América e Europa. Essa zoonose presente no nosso país recebeu a denominação de Síndrome Baggio-Yoshinari.
Apesar de não ter sido isolada a bactéria Borrelia Burgdorferi no Brasil e de exames sorológicos se apresentarem com baixa positividade, há evidência de que há uma enfermidade infecciosa nova e emergente brasileira, transmitida por carrapatos causada por espiroquetas e que origina manifestações clínicas semelhantes às observadas na Doença de Lyme.
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